Quase mãe
Como a mulher pode se preparar para ser mãe pela primeira vez!
Como uma mulher pode se preparar psicologicamente para ser mãe? E quando a gravidez é indesejada, independente dela ser casada ou solteira? Assim, como a menstruação e a menopausa, a gravidez também é um ciclo natural na vida de uma mulher. As mulheres sabe que esses ciclos se manifestam em todas de uma forma geral, mas em relação à gravidez existem questões importantes a serem consideradas: a escolha em ficar grávida e a escolha em ser mãe.
Muitas vezes, a gravidez ocorre sem planejamento e em momentos que parecem ser inoportunos, porém, ela será sempre natural perante a natureza feminina e completará seu ciclo no parto e nascimento do bebê.
Boa parte das mulheres, desde muito jovens, tem o desejo e a certeza de querer ser mãe e, quando isto ocorre de forma planejada ou não, aceitam com alegria e naturalidade. Porém, há outras que atravessam os ciclos de maturidade com dúvidas ou até certezas em relação ao não querer ser mãe e, com isto, se a gravidez ocorrer, com certeza a aceitação já não será natural e haverá mais dificuldades do ponto de vista psicológico.
A mulher atual tem mais acesso às informações importantes a respeito do processo físico da gravidez, sobre a ação dos hormônios (tanto em relação ao físico, quanto em relação às emoções), dietas, ginásticas, tudo o que é necessário para um enxoval, quarto, etc. Além de informações sobre as maternidades, profissionais, e sobre os vários tipos de partos existentes.
Todos esses conhecimentos são, com certeza, essenciais para as mães atualizadas. Porém, o preparo psicológico e emocional deve estar em equilíbrio às questões físicas e materiais para que assim, a mulher grávida que também seja esposa, filha, mãe, profissional, etc, para que ela possa se preparar numa visão mais profunda e ampla sobre a riqueza deste ciclo, se reconhecendo muito além de somente "estar grávida".
O verdadeiro preparo psicológico se inicia antes da mulher estar de fato grávida - quando o despertar para a maturidade começa a trazer para ela o desejo de uma gravidez. Neste momento, a mulher pensa no assunto e se imagina grávida, com um bebê nos braços, amamentando e tende a se aproximar de mulheres grávidas e de crianças. Nesta fase ela sonha e se imagina sendo mãe. Este "sonhar" com a gravidez ou sendo mãe já é um preparo natural, porém, é preciso ir além e se preparar de forma mais intencional para sustentar os desafios deste ciclo com naturalidade e bem estar.
A maternidade é natural e desde sempre a mulher engravida e pari. O corpo da mulher é naturalmente preparado para esta missão tão sagrada. A conscientização da natureza da natureza feminina desperta na mulher memórias naturais, instintivas do "ser mãe".
A mãe natureza é mãe justamente por sua capacidade de gestar e de parir a existência nas suas várias formas de manifestações, auxilia a mulher a ver a maternidade de forma simples. Isto faz com que diminua as expectativas em relação à segurança tecnológica que envolve a gravidez e o parto, aumentando a certeza e a confiança no processo natural da gestação e do parto.
A mulher necessita retornar ao natural, o que é fundamental para ela se preparar para este ciclo. Quanto mais procurar processos naturais (alimentação, terapia, exercícios) - ou seja, um pré-natal além do acompanhamento médico -, que lhe auxilie a reconhecer esta força natural em si mesma. Assim ela alcançará um estado psíquico, mental, energético e espiritual (sejam quais forem as crenças) calmo e harmônico, que lhe renderá maior bem-estar em todos os sentidos.
Hoje existem muitos locais especializados que disponibilizam vários cursos para gestantes, desde a parte psicológica até a física, incluindo o preparo para o parto seja qual for a escolha da mulher: parto natural, normal ou cesárea. Há, ainda, profissionais especializados em lactação - produção de leite na mulher - que orientam a gestante para uma amamentação saudável e harmônica.
Tudo isto, porém, depende das crenças e dos valores que cada gestante sustenta em seu íntimo. É normal as preocupações em relação à gravidez: se o bebê é saudável, se está tudo bem em todos os sentidos, se ela vai ser uma boa mãe, se vai ter leite suficiente para seu filho, se vai dar conta de todas as tarefas com o bebê, com a casa, se seu corpo vai retornar à forma anterior, se conseguirá passar noites em claro cuidando do bebê, se conseguirá voltar as atividades profissionais, se terá condições financeiras para fazer frente as despesas, etc.
Todas estas situações passam pela mente da gestante o tempo inteiro, porém, a alegria de ser mãe deve ser maior que as preocupações. Por isto é importante aprender a vencer seus medos e a direcionar sua mente para focos positivos neste momento. Nada é mais importante que a gestação. Nada é mais importante que o ser que se encontra dentro de seu ventre. Tudo o mais deve ficar em segundo plano, principalmente as preocupações. A gestante deve se proteger de seus próprios pensamentos negativos e os dos outros, ouvindo somente coisas boas e positivas. Sonhar com o grande momento em que finalmente terá seu bebê no colo é também saudável.
Todo este preparo emocional, psicológico e físico deve ser observado e praticado mesmo que a gravidez seja indesejada. Uma vez grávida e com a escolha de sustentar a gravidez, a mulher deve se preparar para dar e receber o melhor durante este ciclo. A aceitação do fato de estar grávida e de que será mãe é fundamental, pois sem aceitação não há como se preparar para nada, pois a não aceitação gera rejeição e profundas contrariedades.
Nestes casos, o acompanhamento psicológico e terapêutico é necessário, pois a mãe precisa de um profissional que a auxilie a desconstruir a barreira da não aceitação e a construção da aceitação e conduzi-la a se aproximar do bebê, ainda dentro do ventre. É necessário que a mulher compreenda sua relação com a maternidade, suas crenças e valores, que a levaram a uma gravidez indesejada.
Uma vez desconstruída a barreira da não aceitação da gravidez, novas perspectivas se apresentam, assim é possível se preparar para este momento tão importante e sagrado para a mulher. Ser mãe.
Ramy Arany é terapeuta comportamental e mantém os blogs http://diadasmulheres.kvt.org.br e http://feminino.blog.br.